sábado, 14 de abril de 2012

INCOERÊNCIAS...




Que não me percebam eu até compreendo...em parte a culpa também é minha que pouco falo de mim, dos meus sentimentos, por mais que me morda por dentro. Mas que não tentem perceber ou me entender e que venham para cima de mim com julgamentos e grandes teorias, fundamentadas no suposto conhecimento da minha pessoa...Isso é que eu não consigo aguentar...sei que sou rotulada por muita gente que não conhece a minha essência, meu jeito de ser, sentir, se expressar, agir, reagir...Mas confesso que hoje to me lixando para as pessoas que fazem isso comigo, especialmente, porque se me conhecessem realmente (como acham na sua suprema soberania que conhecem) perceberiam que muitas vezes do que preciso é de alguém que tente perceber, mesmo que não perceba, ou que não diga nada simplesmente... que me abrace ou me deixe falar e chorar...e sobretudo por pra fora a minha dor.
Minha tristeza é a certeza que tem um monte por ai que não me conhece realmente...pois ao invés de me sentir, de me apoiar, sinto o contrário...pois raramente a conversa não termina com um "sermão", nem sempre coerente com a realidade (uma realidade que nem tentam conhecer)... E se já estava mal... melhor não fico com certeza...Ou talvez eu esteja a ver as coisas mal... se calhar é de propósito...para que eu chore...e as lágrimas me lavem o rosto...
O pior é que chorar sem colo não consola ninguém...mas no meu colo todos conseguem um espaço para servir de encosto.
Estou, não nego, diante de tudo que venho enfrentando, fragilizada, perdida, assustada, temerosa...talvez seja isso...e não sou perfeita pra exigirem que eu compreenda essa avalanche de coisas, que só eles podem por as magoas pra fora...falar, opinar, julgar, supor...detonar...e falar o que querem, sem nem se preocupar se estão me magoando ou não.
Enchi...cansei...com todo direito de expressão que me cabe...liguei o "foda-se"...
Daqui pra frente vai ser diferente, vai ser assim e assim será, mesmo que doa a muitos....a realidade é simplesmente que estou farta desse papel de omissa de ouvir quieta, sem expressar minha opinião e acabar do jeito que hoje estou... hipertensa, serios problemas de coluna e sabe-se Deus o que mais, por não dar meu grito quando a vontade chega de gritar...e me recolher, me anular, me esconder como uma criminosa sem direito a defesa.
Desde que “me conheço por gente”, encontrava em livros, revistas, programas de televisão, etc, pessoas que nos orientavam a não ligarmos para o que os outros pensam, para o que os outros falam, e nem para os valores dos outros. Minha mãe sempre me ensinou o inverso, que tinha que tomar cuidado com a opinião dos outros, que vivíamos numa sociedade e que eu tinha que ter cuidado com que os outros falassem a meu respeito. Nunca concordei com isso, e pela minha própria natureza, nunca escutei esse seu conselho...talvez por ser exageradamente romântica, a minha conduta de uma forma geral sempre foi a de ouvir e seguir minha consciência, ou meu coração. Infelizmente me dei mal com minhas escolhas, porque com essa de "querer ser feliz" extrapolei a minha burrice de achar que o amor é quem domina o mundo e que através dele e numa choupana seria feliz.
Isso pra mim teve um preço muito alto...por não ter crescido "financeiramente", por não ter achado um marido que me sustentasse e me desse uma boa vida, acabei perdendo o respeito por muitos que dizem me amar e hoje querem manipular a minha vida, me tratando como se não tivesse ainda saído dos meus 8 anos.
Não sei quanto aos outros, mas quanto a mim, praticamente todos com quem entro em contato, se sentem influenciados fortemente por questões como prestígio, marcas, status, etc...Óbvio que não posso negar que adoro um conforto, comer bem, frequentar bons lugares, me vestir bem...poder sempre estar recebendo amigos na minha casa...mas não é essa a banda que toca na minha "vitrola"...hoje to me lixando pra tudo isso, mas por mais que viva, a cada dia me convenço que o vil metal fala mais alto.
Confesso que ao mesmo tempo me sinto atraída por essas questões, e desde criança, quem sabe pela educação recebida, essa “atração” trazia comigo uma certa desconfiança de que as coisas “chiques”, importantes, sofisticadas, e não só as “coisas”, mas as pessoas que ostentavam esses valores, no fundo, bem no fundo, eram pessoas tão simples quanto eu, e que por algum motivo, muito provavelmente a necessidade latente de se sentir importante, ou amado, as fazia buscar na ostentação, no alarde, o valor que não encontravam em si mesmas.
Hoje pra mim tem sido muito difícil viver, e conviver com essa percepção. Vivemos num mundo de mentirinha, como dizíamos quando crianças.
O mundo corporativo então, é uma lástima nesse sentido. É raro, muito raro e até gratificante encontrar alguém nesse meio que aja com naturalidade. Gente que dispense a necessidade de “parecer” mais do que é. Em parte é até compreensível. O marketing, a publicidade, o "status" nos forçam a mentir, a aumentar, a aludir coisas que não existem, e sustentar todo esse mundo criado é ainda mais difícil. Tem momentos que me sinto como se estivesse equilibrando pratos, ou mentiras. Contudo, pra quem sabe que o trovão faz do raio maior do que é, essas coisas não colam mais comigo.
A gratificação de encontrar gente assim, natural e que não me julgue tanto, me é cara, porque sei que também essas pessoas pagam um preço desconfortável por ser quem são em seu íntimo. Viver na mentira cansa....frustra e angustía.
O preço de existir é muito alto. Chega um momento em que constatamos que o preço de viver com simplicidade, só com o que precisamos mesmo, é muito mais barato e traz mais benefícios. É chato quando parece que somos os únicos a compreender o mundo à nossa volta...Pior ainda quando não podemos partilhar com o resto do mundo esses mesmos conhecimentos e dizer "Eu sei!", e não poder fazê-lo apenas porque os outros não têm capacidade para entender, ou mesmo a mente suficientemente aberta para aceitar que há coisas neste mundo que, embora não estejamos preparados ou não acreditemos, existem! É bom ser diferente. Sentir que estamos um passo à frente do destino e dos restantes mortais mas, ao mesmo tempo, é solitário. É dificil saber que aquilo que dizem não é da boca para fora, que há fatos nos quais nos baseamos para fazer tais relatos e ver que a pessoa à sua frente não acredita ou não entende...
Sinto o batimento já acelerado do meu coração a aumentar cada vez mais enquanto reina em mim aquela vontade louca de contar tudo e saber que não posso fazê-lo correndo o risco de ser chamado de louca.
E é por isso que prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível...
Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada...
Não há – de fato – algo mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o “nada”.
E já que a dor é o preço que se paga pela chance de existir, eu vou ousar, vou parar de ficar me defendendo por coisas que não fiz, posso ate desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser eu mesma...
Que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e das decepções que tem se tornado rotina em minha vida... Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou acertar mais uma vez...mas só vou amar o que for digno de ser amado!
Assim, quem sabe, ainda consiga encontrar algum ânimo que me impulsione a ter pensamentos mais positivos e, logo, encontrar forças para seguir por opção, meu solitário caminho!
Sei que foi o rumo que escolhi e desde o princípio sabia que não ia ser fácil, mas tive coragem suficiente para tomar a minha decisão e vou mantê-la até ao fim dos meus dias. Ninguém me obrigou a tal e, apesar de eu ter a capacidade, não quero dizer que tenha de o fazer, mas... é mais forte que eu!
Algo, desde sempre, me empurra para algo que eu não sei definir. No entanto, eu sei o que quero... e quero muito!
E agora que tenho a oportunidade vou aproveitar até ao fim, vou derrubar todos os obstáculos e seguir em frente, longe de falsos sentimentos e hipocrisias.
Que importa o deserto à minha frente? Sei que no fim o meu esforço vai ser compensado ao ver que pude fazer muita coisa pelas pessoas que em mim confiam e de mim precisam. Apenas a opinião desses me importarão, apenas desses.O resto??
O tempo é o senhor da razão...e não que deseje isso a ninguém, mas a vida como a mim ensinou, vai ensinar a muitos, a experimentar o fel de se acharem os donos da verdade e da razão...
Viver é se comprometer...e dizem por ai que o homem só se faz forte quando se decepciona...um dia eu chego lá!
Sou humana mas gostaria de ser como uma máquina, que tivesse como desligar a função do sentimento e da decepção, como tambem preciso aprender a cada dia a dar a devida importância da individualidade dos meus companheiros de jornada na Terra.
Apesar das aparências e até dos hábitos que desenvolvemos na convivência não posso esquecer que cada um é cada um, e muitas vezes ainda que tenhamos nascido do mesmo sangue, filhos, irmãos, somos diferentes porque somos espíritos nos encontrando na matéria, mas cada um tem a sua jornada e as suas particularidades e para de fato entender os outros preciso abrir mão de muitas exigências do ego, preciso aprender a perdoar, relevar e esquecer aquilo que me incomoda e ainda assim manter minha individualidade também respeitada, porque concessões em excesso também fazem mal, e isso eu fiz a minha vida inteira.
Se para conviver bem com alguém perco o contato com a minha alma estarei igualmente seguindo no caminho errado.
O difícil não é apenas aceitar o outro, é saber a hora de aceitar e não ligar para aquilo que tanto me incomoda e a hora de fazer valer aquilo que sou e penso.
"Senhor, dai-me força para mudar aquilo que posso; serenidade para aceitar o que não posso; e sabedoria para perceber a diferença entre uma situação e outra".

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