O MEDO DE AMAR
JORGE BICHUETTI
" Amei... amei... até ficar com dó de mim"...
Sonhamos com um grande amor e, também, o tememos... Temos medo de amar.
Se tomamos a questão pelo fim, poderíamos ousar dizer que no amor, o homem ganha potência e perde poder; afinal, , misturando Sartre e Arduini, diríamos que o outro é nosso inferno-paraíso.
Almejamos viver um inesquível amor, e dele, frequentemente, fugimos...Alinharemos aqui algumas das problemáticas humanas que o faz táo contraditório na sua relação com o amor.
Linha 1. Nossa onipotência foge do perigo da rejeição, medo agravado pelos estragos que se imprimem na nossa autoestima e autoimagem, corrossões feitas no umbigo do nosso narcisismo.
Linha 2. Carregamos uma forte dose de ideal amoroso simbiótico que corresponde à fantasia de uma fusão narcísica que se de um lado, é para o nosso psiquismo infantil o ideal de prazer oceânico, por outro, nos ameaça co a frustração da perda primeira ( útero materno) e, concretamente, com a possibilidade de se ver vivendo com o ônus de uma perda absoluta de autonomia e liberdade.
Linha 3. O amor ressuscita na subjetividade capitalística o terror do amor incestuoso, da reedição edípica e do su consequente medo da castração.
Linha 4. A sexualidade reprimida e religiosamente impregnada de pecado nos afugenta de encontros onde a descoberta do prazer e da potência do desejo nos ameaça moralmente, na nossa moral judaica-cristã de culpa e ressentimentos.
Linha 5. As pulsações do amor desperta-nos um temor que temos dos nossos desejos inconscientes, deste caldeirão efervessente e do nosso pan-sexualismo, do perverso polimorfo reprimido na nossa subjetividade burguesa.
Linha 6. Tememos, igualmente, o peso ideológico do amor cortés, amor eterno que desconhece a finitude dos processos e que só se afirma se não devorado pelos incontáveis dragões do destino.
Linha 7. Nosso medo do amor se produz na evitação e desconhecimento do nosso inconsciente produtivo e desejante, fonte inesgotável de produção amorosa criativa e inovadora.
Linha 8. Não tomando posse do próprio dsejo na sua realidade de ser sempre construtivista, e não uma força indomável que nos submete à algo ou à alguém, não o manuseamos como possibilidade de produção de alegria e bons encontros e, assim, fugimos da própria condição de ser feliz.
Linha 9. O medo de amar é o medo, também, de na produção dos entres necessários à relação amorosa, nos singularizarmos e romper com a rotina cinzenta das nossas repetições, faceando-nos na vida com " a dor e a algria de ser o que é", ou seja, o medo da diferença.
Linha 10. A potência amorosa é produção de vida e liberdade, de superação dos assujeitamentos, o que a coloca no campo revolucionário, num mundo de copias e scripits previamente definidos. Tememos a liberdade, o novo, o sonho...
Amar é uma utopia surreal, que podemos atualizá-la se vencermos o medo... o medo do alvorecer florescente de uma nova vida, de um novo modo de existir singular e inventivo.
Temmos devir suavidade num mundo de desamor, opressão e violência.
Temos nossos medos... Contudo, tudo passará... O amor permanecerá... e uma nova aurora o rgistrará livre e passarinheiro.
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